sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sabat, uma origem

Artigo Publicado no Jornal Viver a Nossa Terra – Dez de 2011

Nesta época de Natal em que os valores cristãos aparecem, muitas vezes, esquecidos, dando lugar a interesses comerciais duma sociedade inconformada, dou por mim a pensar nas nossas origens enquanto sociedade e cultura.

Certamente, não faltarão reflexões sobre os valores essenciais do Natal cristão, por essência. Talvez, por isso, me pareça interessante recordar a origem do cristianismo, enquanto religião e, mais abrangente, enquanto cultura na génese de uma europa fragmentada.

Todos sabem que o Sabat é um dia sagrado para o povo judeu, mas talvez nem todos saibam o que muitos judeus fazem nesse dia.1

O Sabat judaico começa ao pôr do sol de sexta-feira e prolonga-se até ao pôr do sol de sábado.

No início desse dia os homens (todos os indivíduos do sexo masculino que tenham realizado o Bar Mitzvá, festa em que os meninos atingem a ‘maior idade’ religiosa) vão à Sinagoga, enquanto as mulheres e as crianças ficam em casa a preparar as refeições para o Sabat.

Após a celebração religiosa em que são necessários pelo menos 10 homens (miniam) para a sua realização, não sendo necessária a presença do rabino (figura correspondente, com as devidas diferenças, ao sacerdote católico), os cavalheiros vão para os seus lares, para junto da sua família celebrar o sabat.

É assim que dão início a um dia de pleno em família, sem dispersões nem distrações.

A televisão é, em muitas casas, desligada para dar lugar ao diálogo em família, à leitura e à oração, durante o dia de sabat.

Aqui é o ponto de partida da minha reflexão. Será que não devias pensar nisto?

- Quantos de nós aguentariam um dia inteiro em família? Sem televisão? Sem café? Sem computador, internet ou telemóvel?

- Será que a família não ocuparia o lugar de pilar na vida de cada um? Será que assim não evitaríamos muitos dos problemas cuja resolução ocupam grande parte da nossa vida?

Sim, é verdade que os judeus celebram dessa forma o Sabat e não é por isso que deixam de ter problemas. Mas será que se adotássemos um pouco do hábito de visitar a família e estar em família não resolveríamos muitos dos nossos problemas? Sim, lembro-me de idosos abandonados, outros sós a viverem em casas sobrelotadas, de pais que não conhecem os filhos e de filhos que não respeitam os pais?

Lembremo-nos que o nosso domingo tem uma ligação muito íntima com o sabat.

Se tentarmos fazer uma analogia entre os dois vamos ver que conseguiríamos, sem grandes dificuldades, identificar uma lista de diferenças, mas se ao mesmo tempo tentássemos ver o que têm em comum, necessitaríamos de fazer um esforço muito maior.

É verdade que Jesus assinalou, Ele próprio, um conjunto de tradições e vivências do sabat dignas de serem abolidas, mas creio que fortalecer a instituição família é algo que nos enriquecia a todos.

Em sentido lato, isto é ecumenismo!

Isto também é Natal!

Bom ano 2012 para todos.

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